Teve, por Unidade mobilizadora, o Regimento de Artilharia Ligeira 1, de Lisboa. Constituído por três Companhias operacionais e uma de comando e serviços - C.ART 738, C.ART 739, C.ART 740 e CCS - desembarcou em Luanda no dia 18 de Janeiro de 1965. Regressou à Metrópole em 1967, aportando ao cais da Rocha do Conde de Óbidos a 9 de Março.


sábado, 30 de junho de 2012

Regresso ao Tôto - A Esplanada

Vista do Quartel do Tôto.
Junto ao monumento, em primeiro plano, rendia-se a parada, hasteando a Bandeira Portuguesa, pelas 8 horas da manhã. Pelas 5 da tarde, formava-se, novamente, para a recolher.
Ao fundo, o edifício da messe, sobre o qual se vê a esplanada. À direita, o refeitório das praças.

Em 23 de Novembro de 1965, o CapArt Fernando Mira deixou o comando da Companhia 739, por ter sido promovido e, consequentemente, colocado noutra Unidade, em Nova Lisboa. Foi substituido pelo CapInf Ramiro Morna do Nascimento que chegou ao Tôto, pouco tempo depois.
O novo Comandante era (e é, ainda, felizmente) um madeirense, de personalidade muito humana e simpática e despertou, rapidamente, amizades. Para além de dar continuidade, com grande empenho, à construção da Sanzala Nova, enveredou por um programa de obras no aquartelamento que tinha em vista a manutenção de um bom moral, entre a tropa. Destaco, dentre outras, a construção de um campo de futebol - onde muitas jogos se realizaram, não só entre os vários Pelotões mas também com equipas do Destacamento de Intendência e do Pelotão de Apoio Directo - e, para deleite dos oficiais da CArt - e julgo que, também, dos Sargentos - uma esplanada, de características rústicas, na placa de cobertura da messe.
Ao fundo, o SoldAtInf Horácio, o 1ºCabEnfº Vicente e o SoldAtInf, "o Viana". O primeiro e o terceiro tinham funções na messe de Oficiais e já AQUI, a eles me referi.
De frente para a câmara, o AlfMilInf Guilherme Barreira, o AlfMilInf António Augusto, seguindo-se três Oficiais, de quem não recordo os nomes (sem alguém souber, agradeço a informação) e, escondido, o Comandante José Francisco Soares.
De costas, estão o autor do blogue, o Dr. Terrinha, médico da CArt 739, o AlfMilInf Eduardo Palaio e um Padre Capelão da Força Aérea que, todos os Domingos, rezava Missa na capelinha do Tôto.   

Num dos recentes convívios realizados pelo Batalhão - salvo erro em 2011 - o CapInf Morna (actualmente Coronel, mas refomado ou na Reserva, não sei bem) facultou-me o seu álbum de fotografias, as quais digitalizei e arquivei juntamente com as que possuo. Ao efectuar a digitalização, vieram-me à memória vários epísódios que, tendo tempo e saúde, irei contando. As fotografias que ilustram este postal foram tiradas na esplanada aqui referida, não me recordando a que propósito, mas, tudo leva a crer, para registar a presença, num almoço, do nosso Comandante José Francisco Soares, numa visita que fez ao Tôto.
Todos os já referidos.
De costas, à cabeceira da mesa, o AlfSerInt, Emanuel Fronteira, Comandante do Destacamento de Intendência.
Todos os já referidos
Ao fundo, à cabeceira da mesa, o CapInf Ramiro Morna do Nascimento
VETERANO

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mussende Revisitado - Histórias de Caça - O Primeiro Tiro

Uma das equipas de caça
SoldCondAut Alonso Varudo, "o Compadre", SoldApMet Dias, "o Palhaço Grande", o autor do blogue, SoldAtInf  Santos, "o Porto", um dos nossos cozinheiros, de cujo nome não me recordo. Agachado, FurMilInf João Mouga

Uma das formas de se obter carne para a alimentação da tropa era caçando. Localmente, os recursos eram parcos, tornando a alimentação demasiadamente repetitiva. Em muitos casos, limitavam-se ao suino e a aves de capoeira compradas à população local, mas quem quisesse mudar de "dieta" tinha, obrigatoriamente, de caçar.
A caça, embora formalmente proibida, era tolerada. Quanto mais não fosse, porque as autoridades não tinham possibilidade de intervir. Aliás, quando existiam, elas próprias caçavam. De qualquer modo, em nada a fauna era prejudicada, já que era extraordinariamente abundante. Por todos os locais por onde andei, sempre vi herbívoros selvagens em quantidade tal que os abates efectuados pela tropa em nada afectavam a sobrevivência das manadas, que se reproduziam a ritmo superior ao do abate. A tropa de quadrícula tinha enormes áreas de actuação e a fauna existente, para além dos predadores naturais, era apenas caçada pela dúzia de soldados que cuidavam da alimentação da Unidade. Não era necessário, muitas vezes, sair para muito longe do aquartelamento para trazer duas ou três boas peças de caça, capazes de alimentarem todo o pessoal.
O acampamento
SoldCondAut José Martins, "o Zé de Braga", o civil aqui referido e SoldApMet Manuel Santos, "o Bombeiro"
No Mussende foi-me indicado, por um civil de cujo nome não me lembro já mas que julgo tratar-se do referido AQUI, um excelente local de caça, para o qual se ia, saindo da localidade, pela estrada do Calulo. Era uma soberba paisagem tipicamente africana, à qual não faltava, sequer, uma enorme lagoa, onde, habitualmente, todos os animais iam beber.
Quando, pela primeira vez, lá nos deslocámos, seguiram dois jeeps, um para lá ficar e um outro para regressar, trazendo o civil de volta ao Mussende. Simpaticamente, o civil trouxera consigo alguns petiscos para um lanche ajantarado, pois saíramos próximo do fim do dia com a intenção de iniciarmos a caçada na manhã seguinte. Coincidiu, a nossa chegada, com o pôr do Sol. Como se sabe, as noites, nos trópicos, caiem muito rapidamente, pelo que, enquanto se preparavam as tendas para dormir e o civil dispunha, sobre o capot do jeep o que tinha trazido para petiscar, caiu a noite. Acenderam-se os farois, para dar um pouco de luz ao local. Eis senão quando se repara que, encadeados pela luz, a cerca de 100 metros, dois magnificos veados estavam como que petrificados. Peguei na mauser, apontei a um deles - estava de lado e fiz-lhe pontaria ao pescoço - e disparei. Rapidamente quiz fazer o segundo tiro, mas enquanto manobrava a culatra deu para ver pelo menos um dos veados correndo para longe, parando de quando em vez e fixando as luzes que os encadearam. Disparei a segunda vez, falhei, com a precipitação, e o animal correu até desaparecer no escuro.
Uma refeição
O autor do blogue, o cozinheiro já referido e o SoldCondAut José Martins "o Zé de Braga"
Fiquei um pouco aborrecido com o falhanço - nem a sorte do principiante tivera - mas, por descargo de consciência, resolvemos ir até ao local onde os veados se encontravam quando os avistámos. Foi com alguma surpresa, mas com enorme satisfação que, constatámos que o veado a que primeiro atirara tinha caído, redondo, no local onde se encontrava. O tiro acertara exactamente no ponto para onde apontara, a meio do pescoço. Acabada a leve refeição que o civil trouxera, regressou ao quartel o jeep de apoio levando já, para a alimentação dos dias seguintes, aquele magnifíco animal.
Recolhemos às tendas, para dormir, pois queríamos iniciar a nossa tarefa, logo pelo amanhecer.
Outro aspecto da refeição
Para além do autor do blogue e do cozinheiro, vê-se o 1º.CabAtInf Sequeira
VETERANO