De várias pessoas me recordo, mas – perdoem-me os outros, se alguma vez me lerem – gostaria de, aqui, referir duas: o Chefe Amaro, da P.S.P. e o Padre Zé.
O Chefe Amaro tinha uma preocupação constante que era a segurança da “sua” localidade. Logo ao primeiro contacto solicitou-me que estudássemos um plano de defesa que integraria os efectivos militares, a Polícia e, até, a segurança privada das instituições bancárias lá existentes.
Dizia o Chefe Amaro, aliás com muita justeza, que era nossa obrigação, nas circunstâncias, assegurarmos, sobretudo, o descanso das pessoas. De dia, dizia ele, com maior ou menor dificuldade todos se defenderão, mas, à noite, têm que confiar em quem lhes vela o sono. Instituímos um programa de patrulhamento nocturno diário, e procedemos a ensaios de defesa dos locais considerados vitais.
O Padre Zé era a melhor pessoa do mundo. Assim pensavam os cubalenses e eu acabei por concordar com eles. Era uma pessoa amabilíssima, grande conversador, alegre e bem disposto, tanto quanto me recordo. Colocou, espontaneamente, à minha disposição, o seu carro particular para que o usasse nas alturas em que o meu jeep (o único que o Pelotão tinha) saía em patrulha. Volta e meia levava a amabilidade ao ponto de me oferecer um cálice de um excelente vinho de missa, doce como o mel, que recebia em garrafões, vindo da Metrópole.
Gostaria de deixar, aqui registadas, algumas lembranças do pouco tempo que passei no Cubal: o combate a um incêndio que se desenvolveu numa casa do quarteirão ferroviário, onde os meus soldados se comportaram de forma admirável, por todos louvada, a feira periódica, onde, pela primeira vez, vi nativos bosquímanos, com o seu curioso idioma e cujas mulheres vestiam, apenas, uma pequena “saia” feita de capim, a festa de anos do filho do Chefe Amaro – a que pertence a foto que acompanha este texto – e, por fim, um jantar de aniversário de um comerciante local, interrompido pela chegada da tropa do Regimento de Infantaria de Nova Lisboa que nos substituiu.
O Chefe Amaro faleceu, poucos anos mais tarde, num acidente em Luanda, aquando de um circuito automóvel. O Padre Zé faleceu em 2005 em Barroselas, freguesia de que foi pároco depois de ter regressado em 1975.
Vieram-me à memória estas lembranças ao receber uma circular-convite para o 22º. Encontro que os Cubalenses vão realizar, no Parque do Luso, no próximo dia 5 de Julho. Infelizmente, por razões várias, não poderei estar presente.
Meu Caro,
ResponderEliminarParabéns! Continua o bom trabalho. Este belo post sobre a cidade que me viu nascer, é mais um testemunho do que era o Cubal e os seus cidadãos. Obrigado. Aparece sempre no nosso blog. Se tiveres algo para lá publicar , terei todo o gosto.
Grande abraço
Ruca
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