«Clique nas fotos, para ampliar»
Algures no Norte de Angola - 1965
4º. G.C. da C.Art 739 - Secção Santa
1º.Cabo Manuel Pereira,o"Bigodes", Leite, "Maçarico", Al Mil Inf Silva Pereira, Almeida, Teixeira,o "Arouca" e 2º.Sarg Art Fernando Santa
O Santa foi um dos Sargentos que foi encaminhado para o meu 4º. Pelotão, também chamado Pelotão de Acompanhamento, na altura da mobilização do B.Art 741. Militar de profissão, um pouco mais velho do que nós, já com família constituída, via-se, agora, na contingência de se adaptar a uma nova formação militar, por força das características da Guerra do Ultramar.
Os pelotões de acompanhamento das companhias tinham por missão, entre outras, a instrução de armamento pesado (metralhadora pesada, morteiro de 60 e de 80 e lança-granadas foguete, vulgarmente conhecido por “bazooka”) sem prejuízo, evidentemente, do normal treino de infantaria.
O Santa era, como disse, militar de carreira, na altura Segundo Sargento e pertencia à Arma de Artilharia. Aproveitando os seus conhecimentos, atribuí-lhe o comando da Secção de Morteiros, comando esse que ele desempenhou de modo empenhado e altamente eficaz.
Já em Angola, continuou a fazer parte do, agora, designado 4º. Grupo de Combate e, apesar das dificuldades que deveria ter – como disse atrás era uns anos mais velho e, também, um pouco mais gordo – nunca se furtou ao cumprimento do seu dever e foi sempre exemplo a ser seguido. Os seus soldados estimavam-no particularmente e ele retribuía a estima de uma maneira quase paternal.
Dos vários episódios de que me lembro recordarei este, paradigmático da consideração que os soldados lhe votavam. Normalmente, quando um G.C. patrulhava determinada área (na época utilizava-se o termo “nomadizar”) a operação durava, normalmente, vários dias. Quando, à noite, nos preparávamos para dormir, aproveitando o cimo de um pequeno monte com bom campo de tiro, as três Secções e o Comando colocavam-se nos vértices de um dispositivo em quadrado. Os vértices ficavam relativamente afastados uns dos outros, tornando-se necessárias quatro sentinelas, uma por Secção. Todos faziam a sua hora, tirada à sorte. E quando digo todos, eu próprio e também os Sargentos, estávamos incluídos. A determinada altura, apercebi-me de que os soldados do Santa o não acordavam para o seu turno, mas, obviamente, fiz vista grossa. Era já qualquer coisa mais do que a (in)disciplina militar. Falava ali mais alto, a consideração e a estima que todos aqueles homens tinham por ele.
Quando regressámos, o Santa permaneceu ainda um mês em Angola, para o espólio do Batalhão. Apenas o vi uma única vez mais, mas a história desse encontro merece ser contada. Aconteceu no RAP 2 (Regimento de Artilharia Pesada 2) na Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. O Martins, amigo comum e antigo Furriel da Companhia, contactou-me, um dia, informando-me de que o Santa se encontrava mobilizado por aquele Regimento. Como trabalhava na “baixa” do Porto, chegadas as seis horas da tarde, atravessei a Ponte de D. Luis e dirigi-me ao Quartel. À Porta de Armas disse ao que vinha e uma praça acompanhou-me até às instalações da Companhia, cujos soldados, naquele momento, se encontravam em formatura. À sua frente arengava o Santa, já Primeiro-Sargento. Alertado para a minha presença, interrompeu imediatamente o discurso, quase correu ao meu encontro e abraçou-me emocionadíssimo, repetindo, perante o pasmo daquela centena de homens: Oh meu rico alferes! Oh meu rico alferes! Entregou o comando a um subalterno, e conduziu-me à messe onde cavaqueámos até às tantas.
O Santa faleceu em 2001. Soube-o, apenas, aquando da preparação da confraternização de 2003 por um telefonema da emocionada viúva, solicitando o fim do envio da habitual carta-convite.
Mussende - 1966
Os Sargentos do 4º. G.C. da C.Art 739 e uma visita
Fur Mil Inf João Mouga, Fur Mil Inf Carlos Ventura, Fur Mil Inf Trindade (do 3º. G.C.) e o 2º. Sarg Art Fernando Santa
Gostei de ver o pessoal destas fotos, a alguns dos quais perdi o rasto.
ResponderEliminarGostava especialmente de saber o que é feito do João Mouga (que está numa das fotos), que conheci no CSM em Tavira e com quem vim, depois, para o RI 11, em Setúbal.
Sei que era de Almada, mas perdi-lhe o rasto depois de voltarmos de Angola. Creio que nunca foi aos nossos almoços (a menos que tenha ido a um dos poucos que falhei).
Era um jovem de boa índole, com uma forma de estar muito peculiar, o que lhe acarretou algumas incompreensões.
Gostava de o reencontrar.
Caro Fonseca:
ResponderEliminarPor mail, permiti-me remeter-lhe a pouca informação que possuo do João Mouga.
Quanto aos outros, o Carlos Ventura aparece, com frequência, nas confraternizações e o Trindade, tal como o Santa, já faleceu.
SP