A ideia foi do Cap Art. Fernando Mira, o primeiro dos quatro Comandantes de Companhia que teve a C.Art 739. Na altura da decisão não me encontrava presente (como já disse, noutro postal, fiquei retido, na Metrópole, por motivo de doença grave) e quando me juntei à Companhia vim a saber que, ao Alf Mil Inf. Eduardo Palaio fora atribuída a tarefa de dirigir a construção de uma nova sanzala, uma espécie de bairro social, que permitiria uma substancial melhoria da qualidade de vida da população residente.
A ideia tinha alguma complexidade. Não se pretendia oferecer as casas gratuitamente. Entendia-se necessário que, quem viesse a recebê-las, as obtivesse com algum esforço. Falou-se, tanto quanto sei, com o chefe da aldeia, gerou-se algum entusiasmo e iniciaram-se os trabalhos.
O financiamento da acção foi obtido através da criação de uma enorme “lavra”. Na base do pequeno monte onde se previa levantar o novo aldeamento, corria um riacho, nas margens do qual, em terreno muitíssimo fértil, se procedeu, sob a orientação de alguns soldados, aos trabalhos de sementeira e plantação de “frescos” destinados, sobretudo ao consumo do quartel. O terreno foi dividido em talhões que foram atribuídos a todos quantos se mostraram interessados nas futuras habitações. Os “frescos” excedentes do consumo próprio, eram vendidos ao exército, que os pagava a preços correntes, daí resultando as verbas necessárias à aquisição da madeira para janelas e portas, de vidros, de chapa ondulada para a cobertura e demais materiais impossíveis de obter localmente. As paredes eram de adobe que os habitantes se ocupavam em fabricar. Todo o restante trabalho era feito por soldados, cujas profissões civis estavam ligadas à área da construção, e que eram dispensados do serviço operacional. A Companhia fez deslocar a Carmona, alguns carpinteiros para os trabalhos da sua arte.
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