O Cap Mira não quis partir sem distinguir alguns militares que com ele serviram no Tôto. Não dispensou, por esse motivo, uma formatura geral – se bem me lembro na véspera da sua partida – durante a qual procedeu à entrega de louvores a diversos militares que, no entender dos respectivos superiores mereciam tal distinção.
O autor deste blogue foi um dos distinguidos. Afirmo-o aqui com muito orgulho, porque penso que o mereci. Tal-qualmente os outros camaradas.
Todavia, o meu louvor teve uma particularidade que não resisto a referir. Por força da minha actividade como bancário na vida civil, era um bom dactilógrafo. Conhecedor do facto, o Cap Mira pediu-me que dactilografasse os louvores à medida que os ia ditando – assim, ninguém ficaria a saber o nome dos distinguidos que era, quase, um “segredo de estado”. Foi um serão não previsto, por sinal trabalhoso e de alguma maneira, aborrecido. Não foi com muita satisfação que nos deslocámos para a Secretaria, para este trabalho – o capitão aborrecido por se ir embora e eu aborrecido pelo “frete” imprevisto. A má disposição mútua gerou um pequeno desentendimento que, por sua vez, teve o condão de alterar o texto do meu louvor – em vez do habitual “oficial de sólida educação cívica e militar”, passei a ser “oficial de razoável educação cívica e de sólida formação militar”. Obviamente nada que me fizesse diferente daquilo que eu fora e continuaria a ser pela vida fora.
Muitos anos mais tarde, numa das nossas confraternizações anuais, referi o facto ao Cap (actualmente Coronel reformado) Mira e rimo-nos da questiúncula. Já se não se recordava do assunto, o que é compreensível. E se refiro, aqui a questão é, apenas, por mera curiosidade, pois a elevadíssima consideração e particular estima que tive e tenho pelo Cap Mira em nada se alterou.
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