Teve, por Unidade mobilizadora, o Regimento de Artilharia Ligeira 1, de Lisboa. Constituído por três Companhias operacionais e uma de comando e serviços - C.ART 738, C.ART 739, C.ART 740 e CCS - desembarcou em Luanda no dia 18 de Janeiro de 1965. Regressou à Metrópole em 1967, aportando ao cais da Rocha do Conde de Óbidos a 9 de Março.


quarta-feira, 28 de julho de 2010

Mussende Revisitado - Parte 3 --- A Caça

O autor do blogue e o SoldCond "Zé de Braga", à chegada às proximidades da lagoa aqui referida

Foi no Mussende que, pela primeira vez na minha vida, assumi a enorme responsabilidade de gerir, sob todos os aspectos – operacionais, alimentares, de saúde, de vestuário e tantos mais - o conjunto de pessoas que constituía um Pelotão. Não tinha qualquer tipo de experiência, pois não passava de um Miliciano de 23 anos que, até então, jamais se preocupara com semelhantes problemas. Estas questões, normalmente, apareciam resolvidas sem intervenção nossa, nunca tendo perguntado a mim mesmo como era que tal acontecia.

Contei, evidentemente, com a colaboração dos meus Sargentos, dentre os quais se destacava o 2º. Sargento Santa que, por ser de carreira, tinha toda uma experiência da burocracia do exército que a mim faltava. Todavia, a responsabilidade era minha, em virtude do meu posto e a idade atrás referida não era, obviamente, desculpa.

Vi-me, pois, na contingência de tentar obter localmente aquilo a que a terminologia da tropa apelidava de “recursos locais”, isto é – em teoria – deveria comprar, na povoação, aquilo que nos não era fornecido aquando das deslocações à sede da Companhia, para abastecimento. A título de exemplo refiro os frescos (hortaliças e fruta), carne e demais géneros de carácter facilmente perecível.

A carne foi, efectivamente, o mais fácil de resolver. Já no Tõto se criara uma equipa de caça que, com regular frequência, saía depois do jantar e que abastecia o quartel da carne necessária. Não era, de modo algum, uma situação autorizada, sobretudo por ser feita com a utilização de farolins que fixavam os animais para mais facilmente os abater, mas não era, também, abertamente condenada. Por um lado, devido à abundância de caça e, por outro, pela ausência de alternativa.

Carregando um antílope para o jeep, para o regresso à tenda

Dediquei-me, pois, à caça! Um civil, de que não recordo o nome, mostrou-me, um dia, uma enorme lagoa, rodeada de uma não menos enorme “chana”, onde não faltavam os mais variados antílopes – cuja carne era a mais apreciada. A carne da pacaça, animal igualmente muito abundante, tinha um certo gosto a capim, que a tornava enjoativa – onde ia beber uma manada de muitas centenas de animais (garanto que não exagero!). Era tão grande a manada que decidi, definitivamente, não utilizar o farolim, passando a caçar de dia e a pé. Quando chegávamos ao local, montávamos uma pequena tenda à frente da qual se acendia, à noite, uma fogueira para cozinhar a refeição e nos proporcionar algum aquecimento, pois as noites eram muito frias, por aquela época. Partíamos de madrugada, aproveitando, muitas vezes, o despertar dos animais, abatiam-se duas ou três peças, e um de nós regressava à tenda para trazer o jeep necessário ao transporte da caça abatida.


SoldApMet Dias o"Palhaço Grande" a caminho da tenda com uma peça abatida

O desmanche das peças já iniciado.
Reconhecem-se: SoldCond Alonso Varudo, "Compadre", SoldApMet Dias, 1º.CaboAt Manuel Pereira, "Bigodes" e um dos nossos cozinheiros, cujo nome não recordo

A Tenda
Reconhecem-se: SoldCond "Zé de Braga" e SoldAt Manuel Santos, "Bombeiro"
À esquerda pode ver-se o civil que nos indicou este magnífico local de caça (trata-se do Sr. José Bento, já aqui referido pelo seu Genro, o Sr. Francisco Fonseca)

VETERANO

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