Teve, por Unidade mobilizadora, o Regimento de Artilharia Ligeira 1, de Lisboa. Constituído por três Companhias operacionais e uma de comando e serviços - C.ART 738, C.ART 739, C.ART 740 e CCS - desembarcou em Luanda no dia 18 de Janeiro de 1965. Regressou à Metrópole em 1967, aportando ao cais da Rocha do Conde de Óbidos a 9 de Março.


domingo, 10 de outubro de 2010

A Leste Algo de Novo...Parte 3

No meio da "chana", já pela manhã, começa a levantar-se o acampamento onde se passara a noite. Note-se a colocação das viaturas, em circulo e voltadas para fora, de modo a acenderem-se os faróis, em caso de ataque noturno

As características da guerra no Leste de Angola eram, pelo menos no meu tempo, substancialmente diferentes daquelas que se verificavam no Norte onde, durante cerca de um ano, a CArt 739 havia actuado e adquirido experiência.

Para começar e no que à população respeitava, enquanto que, no Norte, a população indígena se refugiara nas matas – acabando, com o tempo, por se apresentar e concentrar-se nas cercanias dos aquartelamentos – e a de origem europeia abandonara as suas fazendas, no Leste não se verificava esse fenómeno.

O inimigo, por norma, não actuava contra os civis, embora esse receio subsistisse. Recordo-me de alguns patrulhamentos na área do Luso onde contactámos diversas povoações que encontrámos organizadas em auto-defesa, mas não tivemos notícia de incidentes. Apenas um caso, de alguma repercussão mediática, que foi o ataque a Teixeira de Sousa, pelo Natal de 1966, estava a CArt 739 já a iniciar a sua deslocação para Benguela, onde aguardaria o regresso à Metrópole.

Aqui, o autor do blogue dobra o seu colchão pneumático, preparando-se para partir. Reconhece-se, sentado no Unimog junto à "Breda" o SoldApMet Dias, o "Palhaço Grande"

A nossa deslocação para o Leste e aí colocados como tropa à disposição do comando da Zona (tropa de intervenção) deveu-se, segundo se constou na altura (escrevo de memória e não fiz pesquisa) à deslocação de uma unidade da guerrilha do MPLA na tentativa de evitar a hegemonia da UNITA, a única força em operações até à altura.

A população nativa convivia com as deslocações da tropa, não manifestava hostilidade, o que não era significativo sobretudo relativamente a eventual apoio que pudesse prestar ao inimigo. A actuação da tropa tinha, muitas vezes por base, informações fornecidas pela PIDE que exercia grande actividade na Zona.

Um Jeep no meio da "chana". Note-se a planura do terreno e a sua enorme extensão

Outra característica diferente era o terreno. Alternando com áreas de floresta de pequeno porte, viam-se grandes extensões de savana (chanas), muitas vezes impraticáveis devido ao encharcamento, onde manadas de elefantes se banhavam tranquilamente.

Dadas as enormes extensões das áreas de intervenção, enquanto que, no Norte, predominavam as operações apeadas, aqui eram frequentes as deslocações motorizadas que demoravam por vezes alguns dias até se atingir a zona de actuação propriamente dita, a partir da qual se irradiava em pequenas operações de “policiamento” nem sempre pacíficas.

Num aspecto estávamos melhores do que no Norte, já que recebêramos equipamento motorizado novo – Mercedes que substituíram as velhinhas GMC, Unimogs a gasolina e Jeeps novos em folha - para além de metralhadoras MG42. Desistiu-se da estrutura do Grupo de Combate adoptada no Norte e optimizara-se, tanto quanto possível a estrutura tradicional dos pelotões.

Uma Mercedes atascada.
Irá ser rebocada, por meio do guincho dos Unimogs, para local menos húmido
VETERANO

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