Terá sido em meados de 1965 – talvez Junho ou Julho, ou até um pouco mais tarde – e, portanto, em plena Estação Seca. Queimados, há muito, os capins a terra começava a cobrir-se de novos rebentos aguardando a época de chuvas que se avizinhava.
Não me recordo quem comandava, por essa altura, a minha CArt 739, se ainda o Cap. Fernando Mira, se já o Cap. Morna do Nascimento. Fosse quem fosse, ordenou-me que me deslocasse com o meu Grupo de Combate àquela cidade, tendo em vista fazer regressar ao Tôto uns quantos soldados, carpinteiros na vida civil, que para lá tinham ido construir portas e janelas para as casas da nova sanzala. Com eles viria todo o material já pronto.
Constituiu-se a coluna com uma ou duas viaturas a mais – destinadas, precisamente, ao transporte dos “soldados-carpinteiros” e respectivo material. Aproveitando a circunstância para proporcionar ao meu pessoal um dia ou dois de férias – merecidíssimas, aliás, em virtude da intensa actividade exercida nos últimos meses - juntei todos quantos podiam deslocar-se e, no dia aprazado, lá arrancámos para Carmona.
O meu condutor era, habitualmente, o Alonso Varudo, “o Compadre”, que sofria de aborrecidíssimas dores de estômago, pelo que a condução era, para ele, um verdadeiro tormento. Nunca se lamentava, porém, suportando com verdadeiro estoicismo a circunstância(1). Sempre que possível, e embora isso fosse expressamente proibido, eu próprio o substituía na condução do jeep(2), o que, daquela vez, acabou também por acontecer.
Para além do mais, a estrada era relativamente segura e assaz movimentada – pelo menos até ao Vale do Loge – por virtude de diversas deslocações de e para o Tôto onde se encontravam o Destacamento de Intendência, o Pelotão de Apoio Directo e o aeródromo com movimento de aviões pelo menos duas vezes por semana. Talvez por isso e que me lembre, nunca aquele troço de estrada foi atacado no ano inteiro que por lá permanecemos.
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