Teve, por Unidade mobilizadora, o Regimento de Artilharia Ligeira 1, de Lisboa. Constituído por três Companhias operacionais e uma de comando e serviços - C.ART 738, C.ART 739, C.ART 740 e CCS - desembarcou em Luanda no dia 18 de Janeiro de 1965. Regressou à Metrópole em 1967, aportando ao cais da Rocha do Conde de Óbidos a 9 de Março.


terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Batalhão e as Flâmulas. O Museu da Escola Prática de Artilharia

 
No passado dia 12 de Outubro de 2012, o actual Comandante da EPA ( Escola Pratica de Artilharia ), em Vendas Novas, em boa hora resolveu juntar os Oficiais que há 50 anos iniciaram o tirocínio para oficial de artilharia ( 1962-1963 ), no qual eu me incluía , com os que iniciaram o mesmo tirocínio este ano ( 2012- 2013 ). Passámos como era de esperar uns momentos muito agradáveis, recordando a nossa juventude ( o que sofremos na preparação para a guerra e também os momentos agradáveis que então vivemos pois ainda éramos uns jovens cheios de ideais ) e confraternizando com os actuais tirocinantes (homens e mulheres ), que julgo que também ainda mantêm alguns ideais... (mau era se não os tivessem).

Constava do programa uma visita às actuais instalações da EPA, onde há 50 anos iniciáramos o nosso ingresso como oficiais do Exercito Português. Um dos locais visitados foi o Museu actualmente existente ( na época o local tinha outro aproveitamento ). Qual não foi o meu espanto quando verifiquei que entre os vários objectos expostos estavam materiais, que para a mim e também para todo o pessoal que fez parte, do nosso do B ART 741, nos dizem algo, para além de se manterem muito bem conservados e já lá vão uns 45 anos que regressámos. Os materiais a que me refiro são as Flâmulas das 4 Companhias do Batalhão e o molde da insígnia da CART 740 ( a CART que comandei a seguir ao Cap. Amaro), que nós na companhia fizemos várias cópias em cimento e que fomos espalhando na 2ª parte da comissão, na nossa Zona de Acção ( Cela, Quibala, Mussende e na parte final também Calulo ).

Lembrei-me, entretanto, que não me apercebi da existência, lá no museu, do Guião (fundo em preto ) do Batalhão – B ART 741 – que eu fui em várias cerimónias o porta guião, como Alferes que era do Quadro Permanente. Vou tentar saber algo sobre isso e logo que saiba faço chegar-te notícias.

Agora uma explicação para a presença de tais objectos do BART 741 na EPA em Vendas Novas. Como todos sabem a unidade mobilizadora do BART 741, foi o RAL Nº 1 , que depois se transformou em RALIS, voltou a RAL Nº1 e que numa das últimas reorganizações do Exercito Português, acabou por ser extinto. Isto, apesar de ser umas das primeiras unidades a serem criadas em Portugal, na sequência da organização inicial do exército em Portugal, no reinado de D. José e realizada pelo famoso Frederico Guilherme Ernesto de Schaumburg-Lippe) e conhecido em Portugal como Conde de Lippe (em virtude de ser conde reinante de Schaumburg-Lippe), que aceitou, em Julho de 1762, o encargo de reorganizador das forças portuguesas e de as preparar para a guerra.
 

Sempre que uma unidade militar é extinta é nomeada outra para assumir o encargo de ser herdeira de toda a sua história. A EPA foi a unidade nomeada para ser herdeira do RALIS, razão pela qual os guiões, flâmulas e insígnias se encontram naquela unidade. Quando nós desembarcámos em Lisboa a 9 de Março de 1967, desmobilizámos no RAL Nº 1 e lá deixámos diversos materiais e documentos e também o Guião e as Flâmulas. A insígnia da CART 740, guardei-a para recordação para o resto da minha vida. Como era ainda muito jovem e essa temática da história ainda me dizia pouco e porque mais ninguém da Companhia mostrou interesse, guardei-a ( em boa hora digo agora ).

Há cerca de pouco mais de 20 anos e ainda estava no activo, fui ao RALIS em serviço e vi que a Unidade tinha criado um museu, onde lá se encontravam vários objectos de algumas das Unidades ( Batalhões, Companhias etc) que tinham sido mobilizadas pelo RAL Nº 1. Como gostei do museu que vi, já era menos jovem, já estava mais sensibilizado para a história e porque era amigo pessoal do então Comandante, resolvi, em boa hora, entregar a insígnia da CART 740, que tinha em meu poder, à unidade para que pudesse fazer parte, também, do acervo do museu. Como eu e o RALIS conservámos em boas condições, a insígnia da CART 740 a EPA achou que a mesma era digna de ser exposta em local nobre , na antecâmara da sua Sala de Oficiais, rodeada pelas insígnias de 2 Unidades de Artilharia Estrangeiras com as quais manteve ou mantém contactos. Pelo aspecto da foto anexa pode ser constatado o seu estado de conservação.
Nuno Anselmo (Coronel de Artilharia)

Post Scriptum - Acabei, há poucos momentos, de receber um mail do Cel. Nuno Anselmo que foi, como se sabe, um dos Comandantes que passaram pela CArt 740 (depois de ter sido Comandante do Pelotão de Reconhecimento de Infantaria, da CCS). Tão interessante o achei que resolvi "transformá-lo" num postal e publicá-lo no nosso Blogue.
O Anselmo, com certeza, não deixará de me perdoar por um ou dois cortes feitos no seu mail, que tiveram a única finalidade de dar ao texto as características de postal.
VETERANO 

1 comentário:

Anónimo disse...


Para que conste: o autor gráfico dos guiões foi o então capitão Rubi Marques, comandante da CART 738.

Sebastião Fagundes